Meu Carro Elétrico

Artigo do Eng. Flávio Alexandre

Atualizado por Elifas Gurgel no dia 13/04 às 11:15 AM

O Clube do Carro Elétrico abre esse espaço para a publicação de artigos e matérias sobre Veículos Elétricos. Iniciando essa nova fase, publicamos o artigo escrito pelo Engenheiro Flávio Alexandre. Envie a sua matéria para publicação em nosso site.

Já existe um carro o qual sua manutenção se resume em apenas pneus e pastilhas de freio. Um carro o qual se paga cerca de R$0,05 por quilômetro rodado. Um carro onde se gira a chave de ignição e apenas as luzes do painel acendem. O silêncio é absoluto, basta pisar no acelerador que estamos em movimento, sem cheiro e sem sujeira.  Esqueça tudo o que você aprendeu sobre carro, pois este é o veículo elétrico.
Acabou a era dos vídeos cassetes e suas dores de cabeça, hoje só se encontram DVDs e Blu-rays. Ninguém mais revela filmes, quem fotografa prefere a praticidade das máquinas digitais. A máquina de escrever deu lugar ao computador. Agora é a vez dos veículos elétricos.
Mas o que é o veículo elétrico? O que diferencia um veículo comum de um veículo elétrico é o sistema de propulsão. Em um veículo convencional, o combustível queima dentro do motor, gerando movimento, calor e poluição. A parte do movimento é apenas 20% do poder energético do combustível, infelizmente o resto é jogado fora como calor. Já em um veículo elétrico, baterias alimentam um motor elétrico com uma eficiência superior a 90%, ou seja, pouco se desperdiça. As características técnicas superiores do motor elétrico torna desnecessário o câmbio de marchas e também a embreagem em um veículo. Isso o faz inda mais confortável que qualquer outro veículo com câmbio automático.
Neste momento, em termos globais, existe um movimento dos governos para incentivar o desenvolvimento e produção de veículos elétricos. Todos sabem que os veículos elétricos são a solução para muitos problemas, como poluição, aquecimento global e também os altos preços dos combustíveis. Infelizmente no Brasil ainda não há um movimento do governo federal à favor dos veículos elétricos. Como a importação da tecnologia é extremamente cara, surgiu a ideia de desenvolver a tecnologia aqui no Brasil, com o principal intuito de possibilitar a conversão de qualquer veículo comum em um veículo elétrico.
Com a minha formação em Engenharia Elétrica e a minha área de atuação a eletrônica, em 2006, tomei a iniciativa do projeto. Comecei estudando profundamente a construção e o funcionamento de cada tipo de motor elétrico e também como controlá-los eletronicamente.
Minha principal motivação em primeiro momento foi de poder ter um veículo com uma tecnologia muito diferente, nova e superior. Quem tiver a oportunidade de andar em um veículo elétrico, poderá entender seu conforto, praticidade, simplicidade e silêncio. Além disso, ele pode impressionar em sua potência. Um veículo elétrico não precisa ser fraco, mas é sempre eficiente, ao contrário de veículos comuns, que quanto mais potentes, mais consomem.
No caminho desse desenvolvimento, minha motivação foi amadurecendo. Continuo sendo adepto à nova tecnologia por si só, mas hoje tenho inúmeros outros motivos para lutar pela disseminação dos VEs. A poluição é o maior deles. Hoje, em São Paulo, morrem cerca de 4000 pessoas por ano por doenças causadas pela poluição, e no mundo todo esse número cresce para 2 milhões. Quando estou no trânsito atrás de um caminhão, vejo em que ponto absurdo nós estamos, é como se estivéssemos “fumando” monóxido de carbono.
O sistema que pode converter um veículo comum em elétrico veio por ideia de um KIT. O KIT contém tudo o que um veículo elétrico precisa, como motor, controle de potência, carregador e gerenciador para as baterias, freio regenerativo (também conhecido como KERS) e uma pequena tela gráfica onde se pode visualizar, através de um computador de bordo, todas as informações necessárias sobre o sistema, como estado de carga individual das baterias e autonomia restante, visualização do carregamento das baterias, horário de carga programada (fora do horário de pico), dentre outros. Para carregar as baterias, basta conectar em qualquer tomada 110v ou 220v.
Na conversão, tira-se o motor original do veículo e todos os seus periféricos, como sistema de escapamento, sistema de arrefecimento, todas as correias e cabos, ou seja, praticamente tudo o que é visto quando se abre o capô do motor. Então é a hora de colocar o motor elétrico, a unidade eletrônica de controle e as baterias. A partir daí o veículo já não tem mais correias dentadas, velas, óleo, combustível e os filtros, dentre outras partes. É por isso que não existe mais essa manutenção, pois o veículo não leva mais essa peças.
Existe pouca iniciativa nessa tecnologia aqui no Brasil, mas para a minha felicidade, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente aqui em Brasília uma das exceções, o Engenheiro Elifas Gurgel, que atualmente possui um veículo convertido por ele mesmo. Nos conhecemos em 2009, logo antes dele iniciar a conversão em seu VW GOL G4, e a partir daí acompanhei todo o seu processo e identificamos uma afinidade na intenção de trabalharmos juntos por essa causa. Elifas Gurgel, na ocasião, teve que comprar nos EUA as partes necessárias para a conversão, enquanto eu estou trabalhando na nacionalização desta tecnologia. Agora estamos procurando parceiros e investidores para tornar o negócio possível em larga escala.
Ainda existem alguns mitos a serem esclarecidos, existe uma preocupação em relação ao impacto do veículo elétrico na rede de energia. Fazendo os cálculos, temos folga em relação à isso. Um bom exemplo seria uma simulação para 10% da frota nacional em veículos elétricos. Em 2010 a frota nacional de veículos fechou em torno de 64,8 milhões, e a quilometragem média por ano ficou em torno de 13.275km. Hoje, no Brasil geramos 114 mil MW em energia elétrica. Sabendo que um veículo elétrico consome em média 140Wh por quilômetro rodado, fazendo os cálculos chegamos à um consumo total de 1,2% do que podemos gerar, ou seja, um valor nada preocupante para 10% da frota nacional sendo de veículos elétricos.
Outra preocupação que se ouve por aí, é que um veículo elétrico também polui, mas nas usinas, onde é gerada a sua energia elétrica. Por parte é um afirmativa verdadeira. Mas a eficiência superior de um veículo elétrico em termos de aproveitamento de energia, e a melhor eficiência das usinas (em comparação aos motores de combustão interna), já faz com que essa poluição caia para menos da metade. Isso vale para a maioria dos outros países, mas para o Brasil a situação é melhor e extremamente favorável, pois mais de 90% de nossa energia é limpa, renovável e está pronta para receber a nova tecnologia sem este impacto ambiental. O Brasil é um país abençoado como poucos ou nenhum outro e tem tudo pra ser um país exemplo em veículos elétricos.
Alguns estados dão incentivos ao uso de veículos elétricos aqui no Brasil. Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe isentam os veículos elétricos de IPVA. Em Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo o IPVA tem um valor diferenciado, e ainda em São Paulo os veículos elétricos não entram no rodízio.
Estamos fazendo a nossa parte, com ou sem incentivos. A nossa meta vai além de converter carros para elétricos, queremos fabricar veículos 100% elétricos.

Fontes:
http://g1.globo.com/videos/jornal-da-globo/v/poluicao-do-ar-pode-agravar-doencas/1478915/
http://g1.globo.com/carros/noticia/2011/02/frota-de-veiculos-cresce-119-em-dez-anos-no-brasil-aponta-denatran.html
http://www2.uol.com.br/interpressmotor/noticias/item21728.shl
http://www.aneel.gov.br/
http://www.abve.org.br/incentivos.shtml

 


Para maiores informações:

Flávio Alexandre – (61) 8116 0960

 

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